Em 2007, uma decisão do prefeito, sem a realização de estudo técnico, reduziu o valor venal de uma área no bairro nobre de Itaúna: os terrenos pertenciam à Urbanizadora Saquarema e, pouco depois, seriam revendidas às construtoras ligadas ao ex-prefeito Antônio Peres. O Ministério Público investiga se o drible dado na lei foi premeditado já que áreas vizinhas tiveram seus valores aumentados graças a melhorias no bairro.
Antônio Peres, ex-prefeito de Saquarema e sua esposa: suspeito de favorecer negócios da família com redução de IPTU no bairro de Itaúna | Foto: Reprodução Internet |
A denúncia feita pela CPI ao Ministério Público — já aceita — aponta uma “movimentação estranha” a partir da redução do valor venal dos terrenos. Uma das empresas que comprou áreas, a Itaúna Number One, aparece em nome de Cláudia Vignoli Alves e Manoela Ramos, que seriam a filha e a mulher do ex-prefeito, de acordo com cadastro na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Não para por aí: a proximidade entre Peres e a empresa é tanta, que sua casa está em nome da imobiliária. “A prefeitura reduziu impostos para aumentar os lucros de empresas, e fez tudo fora da lei, para beneficiar o prefeito Peres”, resumiu o presidente da CPI, vereador Rodrigo Borges (PSL).
Um dos condomínios, alvo de investigação, erguidos por construtoras que seriam ligadas ao ex-prefeito. Ex-prefeito diz que é jogo político
Em resposta aos questionamentos feito pelo DIA, o ex-prefeito Antônio Peres atribuiu as denúncias e as investigações do Ministério Público a uma perseguição política. Ele partiu para o ataque contra o atual secretário de Governo do estado e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Paulo Melo, marido da atual prefeita Franciane Motta (PMDB). Hoje eles são adversários, mas foram aliados na década 90.
O simples fato de ser eventualmente criada uma CPI, em 2015, para apurar possíveis fatos ocorridos em 2007, ou seja, há mais de oito anos, mostra perseguição, com fins eleitoreiros por parte de adversário político ”, afirmou o ex-prefeito, por email. Peres não respondeu se houve processo administrativo para a redução do valor venal das áreas, nem porque isso foi feito: disse que a construção só foi feita graças a uma lei, aprovada quando Paulo Melo era presidente da Alerj , que retirou trechos de Itaúna da Área de Preservação Ambiental de Massambababa. Sobre sua casa ser registrada em nome da imobiliária Itaúna Number One, esclareceu que foi sócio da empresa até 2010 e, ao sair dela, recebeu sua casa como pagamento por sua participação societária.
Em nota, Paulo Melo criticou Peres. “Fazer crer que a apuração é mero jogo político é a tentativa de desviar o foco e desmerecer o trabalho de três anos dos promotores e da Justiça.” Ele destacou que a alteração da APA de Massambaba foi discutida com ambientalistas, encampada pelo governo estadual e aprovado com apoio da oposição. “Foram ampliados outros 158 quilômetros quadrados de área nativa com esta lei”, afirmou.
Foto: CPI CÂMARA DE SAQUAREMA | fonte/texto: O Dia
0 Comentários